A SECA
Tudo agora é miséria. Nada resta
Ao carcará faminto que procura
Restos mortais que existam, porventura,
Na caatinga, que nada mais lhe presta.
No solo, desenhado em rachadura,
Um cacto dá idéia que protesta
Com seus galhos abertos. Será esta,
De um bravo sertanejo, a sepultura?
No céu, o sol vermelho é inclemente
E a terra seca, desolada, sente,
Parecendo tremer com tanta dor.
Não há mais nada no chão que se aproveite.
Só carcaças servindo como enfeite
P´ra esse cenário incrível de horror! (Paulo Góes)