quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O coqueiro Gogó da Ema não podia ter nascido em outro litoral que não fosse no litoral alagoano, precisamente na praia de Maceió, no encontro da Ponta Verde com Pajuçara. A sua deformação física foi uma bênção de Deus para nós, alagoanos, porque foi ali que nasceu a força do turismo, dando à Capital o desenvolvimento imobiliário, que hoje é uma verdade incontestável. Era o Gogó da Ema o ponto turístico para quem visitava Maceió. E, eternizando aquela palmeira, não sei de quem foi a iniciativa, ergueram, merecidamente, um monumento de granito (parece-me), no mesmo lugar onde viveu o nosso Gogó da Ema, como se vê na foto. Paulo Góes


HINO AO SOL

Viva o Sol radiante! Oh, Sol bendito!
Tu que apagas as trevas da tristeza,
Enchendo o mundo co´ a tua realeza,
Pois tu reinas, supremo, no Infinito!

E assim diante da tua grandeza,
Toda a terra se curva em um só dito,
Como querendo ressoar, num grito,
Que tu és de Deus a própria Natureza!

Oh, Sol brilhante, cheio de energia,
Que trazes esperança e um novo dia,
Para algum sonho se realizar...!

E Deus te fez, então, o astro-Rei,
Te concedendo as normas de Sua Lei
Para em torno de ti tudo girar...!



NÚPCIAS

Não dominando mais o meu desejo,
Apressei-me em tirar o seu vestido.
E tive em minhas mãos, lindo, despido,
Seu corpo, que tremia a cada beijo.

E lhe tocando o busto enrijecido,
Febril, extasiada ainda a vejo
Sedenta a me agarrar naquele ensejo,
Que não tivemos antes parecido.

Instante nosso feito de carinho,
Que deixou marcas no lençol de linho,
P´ra toda vida, então, hei de lembrar

Os nossos corpos, presos num abraço,
Transpirando prazer. E de cansaço,
Quedamo-nos, por fim, fartos de amar...






TU (DEFUNTO)

Não sei se já pensaste em ti: deitado,
Vestido como fosses p´ra uma festa.
Co´ alguns parentes te afagando a testa
E outros rezando para ti: finado.

... Um odor nauseante a sala infesta,
De vela, em castiçais, em cada lado
Do teu caixão, de flores enfeitado.
E tu, ali, que a nada mais se presta.

E logo chega a derradeira hora
De te levarem para o teu jazigo.
E com pesar alguém lamenta e chora.

Em prantos também sente o teu amigo.
Mas (como os convidados) vai embora,
Não desejando mais ficar contigo...

SOBERBA

- Nada vale o dinheiro, com certeza,
Usado à toa em pompas e honrarias;
Em vez de tudo isso tu devias
Ser generoso e justo co´ a pobreza!

Será que, pelo menos, não podias
Esquecer para sempre essa frieza.
E se investindo de delicadeza,
Cumprimentar-nos, pois, todos os dias?

Eu sei que tu és rico e poderoso,
Indiferente, altivo e rancoroso.
E dos humildes tu não sentes dó!

Não vai te adiantar tanta imponência,
Porque a morte cruel, com inclemência,
Um dia vai te transformar em pó!

Maceió - década de 50 - Rua do Comércio, quando o bonde ainda circulava também por outras ruas e avenidas da Capital. Um transporte, barato, que não poluía e existe ainda em San Francisco da Califórnia e em cidades da Europa. Que lástima terem dado fim aos nossos bondinhos... 







TEUS SEIOS

Despe-os da transparência
Dessas vestes!
Nenhuma intenção
Há em mim de violá-los!
Quero apenas admirá-los
E... talvez beijá-los
Com a suavidade dos colibris
Em busca do néctar
Dos lírios dos campos.
E das flores
Que nos espreitam
Silenciosas e perfumadas.
Solta-os em minhas mãos ansiosas
De criança travessaCom o coração palpitante
De desejos proibidos!
Oh, minha amada, deixa-me sentir
A febre que emana do teu corpo
Como um musical divino
Que entorpece os deuses
Diante do corpo de Afrodite!
                      ( Paulo Góes )



RIO DE JANEIRO

Lá na montanha, o Cristo Corcovado,
Parecendo abraçar-te, e muito atento,
Tuas belezas, em nenhum momento,
Não se cansa de olhar admirado.

Tu inspiras amor e sentimento
De verdadeiro orgulho, Rio amado;
És por todo o Brasil considerado,
Maravilhosa terra, um monumento!

Envaidecido de ser brasileiro,
O meu amor por ti, Rio de Janeiro,
É igual ao amor de um filho teu.

Encanta-me a grandeza de tua gente,
Que feliz, cativante e sorridente,
Sabe mostrar esse dom que é só seu!