domingo, 28 de fevereiro de 2010




ENTARDECER NA PAJUÇARA

O entardecer na Pajuçara é lindo!
Quando o sol, com saudade,vai embora,
Deixando a praia que o astro-rei adora,
Cumprindo a missão que Deus lhe deu.
A missão de dourar, todas as tardes,
O mais maravilhoso sol-poente,
Que a nossa muito amiga e boa gente
Nunca se cansa de admirá-lo!
O por-do-sol dali no Alagoinha,
Onde viveu o “gogó-da-ema”,
Que pros poetas já serviu de tema
Para lembrá-lo em canções ou versos,
Faz no horizonte um cenário belo,
Que se reveste de um vermelho-ouro,
Que infelizmente não é duradouro
Porque a noite - invejosa - se aproxima.
E lá se vai o sol se despedindo,
Morrendo lá pras bandas do Oriente.
Mas parecendo prometer à gente
Que – amanhã - ele estará de volta,
Noutra tarde de luzes inda mais vivas,
Mesclando de vermelho o horizonte,
E se espelhando n´ água, aqui defronte,
Do mar da Pajuçara - manso e belo!
                     (Paulo Góes)


O VELHO FAROL DE MACEIÓ

Eu me lembro de ti, velho farol,
Plantado – majestoso – na encosta
Do morro, vislumbrando o horizonte
Da nossa alagoana linda costa.
Com tua luz intensa e renitente,
Guiando embarcações constantemente,
Mostrando, assim, num lampejo só,
Em tantas noites dessa terra nossa,
A iluminada terra - Maceió!

E tu não foste apenas um farol,
Porque tu deste nome e deste vida
Ao bairro e a essa gente agradecida
Que te adotou como um rebento seu.
Mas um dia se impôs a Natureza,
Invejando, talvez, tua beleza,
E, impiedosa, quis te destruir.
Numa avalanche atroz, inconseqüente
Te enterrou ali. Mas, eternamente
A tua luz na lembrança em mim ficou!
                                  (Paulo Góes)



PIADA COM ARGENTINO

Dois fazendeiros, um brasileiro e um argentino, se encontram, começam a conversar.



O argentino pergunta ao brasileiro:
- Qual o tamanho da sua fazenda?
Brasileiro:
- Para os padrões do Brasil é uma fazenda de um bom tamanho, são 300 alqueires. E a sua?
Argentino:
- Olha, eu saio da sede pela manhã com meu jipe e na hora do almoço não cheguei na metade dela...
Brasileiro:
- É, eu também já tive um jipe argentino, é uma merda...
ACRÓSTICO



E ra uma noite de um Carnaval que não esqueço.
Z oavam sons estridentes orquestrais.
E entre foliões eufóricos eu divisei
T eu olhar me fitando
I nsistentemente.
L evando-me a pensar que era um sonho,
D uvidando que aquele momento fosse real.
E esplendoroso!


M as, parecia-me verdadeiro. Os teus olhos insistiam.
E esperavam que eu te convidasse,
N aquele momento, para dançar, como faziam tantos pares.
E eu, mesmo duvidoso, achei que não
Z ombavas de mim.
E ra Carnaval. A alegria uniu os nossos corações naquela noite
S abíamos daquilo. Acreditei.


D esde aquele momento, então.
E ras a minha escolhida.


A mamo-nos, desde ali, desesperadamente.
N ada mais nos separou.
D oamo-nos como almas gêmeas. E
R atificando, assim, o amor que nos uniu,
A inda que os anos sejam tantos,
D evo te dizer:
É s para mim o meu mundo. És a minha vida. Creias!





A PAZ

Fala-se em paz, enquanto a força bruta
Domina regiões por toda a terra;
Em vez de amor, os homens fazem guerra
E o ódio cego corações enluta.

É doloroso ver alguém que enterra
Parentes, que por nada se executa
Na guerra bestial. É insana a luta,
Que, infelizmente, nunca mais se encerra.

P´ra quê, então, dizer que a paz existe,
Enquanto os dias, num cenário triste,
Não mais vislumbram horas de prazer?

Não passa, então, a paz de u´a utopia,
Proclamada com muita hipocrisia
Por gente que não sabe o que é sofrer...
                          (Paulo Góes)



sábado, 27 de fevereiro de 2010


OUTONO

Causaram-me tristeza
As árvores desfolhadas
do jardim de nossas vidas
sem a tua presença.
As rosas já despetaladas
Se levaram pelo vento
Que não permitiu que as tuas mãos
as colhessem para o buquê
Das nossas bodas
e secaram indiferentes aos teus gestos
diante do sol
que não resplandeceu
Para nós.

Odeio essas folhas ressequidas,
retorcidas, que me arrancam
acordes dissonantes
de imorredouras lembranças
que me desfolharam
da tua presença!  (Paulo Goes)


OS TEUS LÁBIOS

Os teus lábios queimavam
A minha boca de desejos voluptuosos
Quando tudo sorria em nossas vidas.
Era assim que o céu parecia descer sobre nós
Cheio de estrelas,
Enfeitando-nos de prata do luar
Das nossas noites quase intermináveis.
Mas os tempos passaram
E hoje vejo que os nossos laços se desataram
Entre pretextos que insinuaram
Ventanias tempestuosas,
Que distanciaram as nossas mãos
Que outrora enlaçavam os nossos corpos
Ardentes de tanto amor.
Os teus lábios nada mais dizem,
Senão a frieza dos teus sentimentos!
                                      (Paulo Góes)



PÔR-DE-SOL

O sol está se pondo
em lágrimas douradas que se derramam
por sobre os montes.
Deixa que se vá com a tristeza desse sol
Tudo que nos crucia
nesse desamor que nos separa
dos dias de ontem,
quando parecíamos almas gêmeas!
Deixa que morram como os raios desse nosso sol-poente
as indiferenças que agora alimentamos!
Amanhã, será outro alvorecer, com certeza.
E aquele afeto, ilimitado,
que removia rios e montanhas,
que nos enchia de tanta fé,
quem sabe, amanhã, não nos traga de volta, pelo menos,
a lembrança daquele primeiro beijo que te dei...?
                                                      (Paulo Góes)

SOLO DO PLANETA MARTE


CURIOSIDADE - Solo do Planeta Marte, divulgado pela NASA. Acredito que a nossa Terra, em alguns milênios, esteja também assim. O homem, queiramos ou não, está destruindo o planeta. A poluição dos rios, a destruição de nossas florestas, o aquecimento global, enfim, tudo vem concorrendo para que sejamos, como Marte, um planeta extinto, morto, sem qualquer sinal de vida. Será que Marte foi concebido pela Natureza (por Deus, dizendo melhor) apenas para fazer parte do Sistema Solar? Essa eu não entendo. E você?
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Sucuri

CURIOSIDADE - Sucuri. Pela fila dos homens que a seguram, faça idéia do tamanho do "monstrinho". Devia estar digerindo um animal, que engoliu.
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Soneto à bailarina morta

.Esfera em equilíbrio, ela dançou
vestida de crepúsculo, marcada
pelo estigma da valsa fenerária
e, dominando o espaço, estremeceu

.as colunas marmóreas do edifício.
Circunscritos ao círculo de fogo,
os passos invadiram o hectare
do sono, projetando a silhueta

.- miniatura de pássaro, pelo ar.
E valsou... E valsou por sobre rosas...
Inebriada de sons, ela estancou,

.vacilou e caiu petrificada.
- Sua carne ficou por sobre a lápide
a sua alma se foi bailando no ar.
(Francisco Valois)

NOSSA CASA

Volto a rever a casa (o ninho antigo),
Que era antes tão cheia de alegria;
Mas hoje, infelizmente, está vazia.
Não ouço mais ninguém falar comigo.

No corredor comprido em que eu corria,
Quando criança, vejo um vulto e sigo:
É a minha mãe! Mas eu não consigo
Alcançá-la. Oh! Meu Deus, como eu queria!

Doce ilusão... A casa agora é triste.
A beleza de outrora já não existe;
Só o silêncio habita em cada canto.

- Não tem ninguém!... Eu grito. E a saudade
A minha alma, pungida, toda invade.
E eu me rendo aos soluços do meu pranto...
                      (Paulo Góes)





TANTAS MÃOS

DUAS, DEZ, CEM, MILHARES...
TANTAS MÃOS
ENCHENDO AS RUAS TÃO CHEIAS
DE MÃOS QUE VÃO, QUE VÊM,
EM BUSCA DE MÃOS
QUE SOCORRAM
QUE AFAGUEM.
MÃOS QUE VÃO, QUE VÊM,
QUE FOGEM DE MÃOS
QUE ROUBAM, QUE FEREM, QUE MATAM.
- AQUECE, AMIGA, AS MINHAS MÃOS
DE TANTAS MÃOS TÃO FRIAS! (Paulo Góes)






MEU ASTRAL

Hoje o meu céu devia estar
Cheio de estrelas.
Não sei por que a solidão dos astros
Invadiu o meu universo,
Fazendo-me tão ridículo
Que pensei em te mandar
Até uma lua de presente.

Estou em quarto minguante,
Tão minguante
Que o meu pensamento
Não cabe dentro de mim.
Estou vazio, vazio,
Do jeito que me deixaste!
       (Paulo Góes)


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

ESCUTA, ALAGOAS!

Saibas que nem o tempo
Nem a distância,
Que nos separam,
Fazem te esquecer.
Sempre estás presente,
Desenhada no mapa
Da minha imaginação
Abraçada carinhosamente
Pelo mar e pelo Velho Chico
Que subiu lá das Minas Gerais
À procura de ti
Para te presentear
Com a Cachoeira de Paulo Afonso.
E o mar, enciumado,
Te deu as mais belas praias do mundo.
Eles disputam o teu amor
Porque tu és bela, acredite.
Mesmo com o pouco que resta
Das tuas matas, hoje
Devoradas pelos canaviais.
Eu te contemplo ao longe
“deitada em berço esplêndido”,
desde o teu sertão até o Atlântico.
Eu te vejo debruçada
Como uma deusa morena,
Bronzeada de sol,
Incansável admiradora
Desse mar azul-anil que te banha
Carinhosamente,
Desse mar que somente a ti
A natureza concedeu.
Eu fico a te olhar ao longe,
Desde o Pontal do Coruripe
À Barra de Santo Antônio.
Aí, tu me fazes lembrar uma
Dançarina havaiana
Com esse teu coqueiral
Cobrindo parte do teu corpo,
Feito de areia branca,
Que parece bailar
Ao som do quebrar das ondas,
Sob o açoite mavioso do vento
Que vem do oceano.
Saibas, Alagoas,
Que nem o tempo
Nem a distância
Me fizeram te esquecer!
                          (Paulo Goes)

DANÇA QUE EMOCIONA


A BAILARINA
Arlene Miranda

No pas-de-deux, desliza a bailarina,
Com a leveza de garça a flutuar.
A beleza das plumas nos fascina,
Em ternos movimentos a bailar.

Cheia de sonhos, salta levemente,
Co'a brancura suave de um jasmim.
Pelo palco exibe docemente,
Linda face cobeta de carmim.

Mão singela, suave e pequena,
Flutuando no ar, brilhando em cena,
No balanço encantado da menina...

Os lindos rodopios dos seus passos,
São gestos que flutuam nos compassos
Saltitantes dos pés da bailarina.








MEU HINO



Eu canto um hino para mim mesmo,
Um hino triste, sem graça, sem notas musicais,
Que escuto de ouvidos tapados
Para não ferir o dó-ré-mi da escala musical.


Meu hino bem que podia ser marcial,
Estimulante para as batalhas e guerras,
Para as contendas irracionais
Dos homens feitos à semelhança de Deus...


Não tenho a harpa de Davi para cantar
Que o Senhor é também o meu pastor
E me perco na surdez das ovelhas negras


Que ainda não acordaram para a grande vigília
 Dos mansos, dos bem-aventurados, daqueles
Que já vivem a Véspera do Senhor!



Esta igreja, em União dos Palmares-AL, não existe mais. Em vez da sua demolição, não sei por que não a conservaram, tombando-a como "patrimônio histórico"? Era um templo secular. Ali, foram batizadas (eu inclusive) e casadas muitas gerações, como os meus pais. Mas, a ignorância, a falta de cultura de determinas pessoas achou por bem "implodir" o majestoso prédio, construído, possivelmente no século XVIII, erguendo no seu lugar um "armazém", sem  expressão religiosa, onde os incautos fiéis, sem qualquer protesto, ministram a sua fé nos dogmas da Santa Madre Igreja Católica. Pelo amor de Deus!...

AS CARTAS QUE TE MANDEI

AS CARTAS QUE TE MANDEI



As cartas – “as velhas cartas
comovidas que na febre do amor te enviei “
jogaste no lixo. Eu sei.
Embora tenhas certeza que foram feitas
de palavras sinceras, sem mentiras.
Não foram frases soltas ao vento, inúteis,
Fúteis, pueris. As cartas falavam de amor,
do meu encantamento por ter te encontrado.
Nelas existia a prova do meu sentimento,
da sensibilidade de um Romeu apaixonado.
Tu eras, na verdade, a minha Julieta.
Meu amor por ti crescia dia a dia.
E, naquelas palavras, hoje jogadas
aos pedaços irrecuperáveis na lixeira,
procurei eternizar o que senti por ti
e que pensei que irias acreditar
até o final de nossas vidas,
mesmo que o mundo desabasse por sobre nós;
mesmo que as tempestades
da vida nos envolvessem.
As cartas, que, agora, são restos de lixo,
nada mais representam de tudo que existiu entre nós.
- Por que rasgaste “as velhas cartas...”
que tanto bem te fizeram?
Em cada pedaço de papel rasgado
eu senti dilacerado
o meu coração que tanto pulsou
de paixão por ti em tantos momentos
de nossas vidas.
Eu vi desfeita a afeição que nos uniu,
que nos fez almas gêmeas.
Infelizmente a incompreensão
nos separou dos dias que sorriram
para nós, mesmo quando o sol
se escondia entre nuvens negras
e o mar se agitava contra os rochedos...
- Por quê jogaste no lixo as cartas que te mandei?
E, como o seresteiro, só me resta cantar
com a voz embargada:
“O nosso amor traduzia
felicidade... afeição,
suprema glória que, um dia,
tive ao alcance da mão;
mas veio um dia o ciúme,
e o nosso amor se acabou,
deixando em tudo perfume
da saudade que ficou...”





























A SECA

Tudo agora é miséria. Nada resta
Ao carcará faminto que procura
Restos mortais que existam, porventura,
Na caatinga, que nada mais lhe presta.

No solo, desenhado em rachadura,
Um cacto dá idéia que protesta
Com seus galhos abertos. Será esta
De um bravo sertanejo a sepultura?

No céu, o sol vermelho é inclemente
E a terra seca, desolada, sente,
Parecendo tremer com tanta dor.

Não há mais nada no chão que se aproveite.
Só carcaças servindo como enfeite
P´ra esse cenário incrível de horror! (Paulo Góes)

TEMPO QUE SE FOI

Este sou eu. Acredite se quiser. Achei esta foto entre tantas que minha mãe guardava, só depois do seu falecimento. Lembro-me que, mostrando-me outras fotografias, ela me disse que eu devia ter, àquela época, 7 ou 8 anos. O tempo me levou a vasta cabeleira. C´est la vie...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O coqueiro Gogó da Ema não podia ter nascido em outro litoral que não fosse no litoral alagoano, precisamente na praia de Maceió, no encontro da Ponta Verde com Pajuçara. A sua deformação física foi uma bênção de Deus para nós, alagoanos, porque foi ali que nasceu a força do turismo, dando à Capital o desenvolvimento imobiliário, que hoje é uma verdade incontestável. Era o Gogó da Ema o ponto turístico para quem visitava Maceió. E, eternizando aquela palmeira, não sei de quem foi a iniciativa, ergueram, merecidamente, um monumento de granito (parece-me), no mesmo lugar onde viveu o nosso Gogó da Ema, como se vê na foto. Paulo Góes


HINO AO SOL

Viva o Sol radiante! Oh, Sol bendito!
Tu que apagas as trevas da tristeza,
Enchendo o mundo co´ a tua realeza,
Pois tu reinas, supremo, no Infinito!

E assim diante da tua grandeza,
Toda a terra se curva em um só dito,
Como querendo ressoar, num grito,
Que tu és de Deus a própria Natureza!

Oh, Sol brilhante, cheio de energia,
Que trazes esperança e um novo dia,
Para algum sonho se realizar...!

E Deus te fez, então, o astro-Rei,
Te concedendo as normas de Sua Lei
Para em torno de ti tudo girar...!



NÚPCIAS

Não dominando mais o meu desejo,
Apressei-me em tirar o seu vestido.
E tive em minhas mãos, lindo, despido,
Seu corpo, que tremia a cada beijo.

E lhe tocando o busto enrijecido,
Febril, extasiada ainda a vejo
Sedenta a me agarrar naquele ensejo,
Que não tivemos antes parecido.

Instante nosso feito de carinho,
Que deixou marcas no lençol de linho,
P´ra toda vida, então, hei de lembrar

Os nossos corpos, presos num abraço,
Transpirando prazer. E de cansaço,
Quedamo-nos, por fim, fartos de amar...






TU (DEFUNTO)

Não sei se já pensaste em ti: deitado,
Vestido como fosses p´ra uma festa.
Co´ alguns parentes te afagando a testa
E outros rezando para ti: finado.

... Um odor nauseante a sala infesta,
De vela, em castiçais, em cada lado
Do teu caixão, de flores enfeitado.
E tu, ali, que a nada mais se presta.

E logo chega a derradeira hora
De te levarem para o teu jazigo.
E com pesar alguém lamenta e chora.

Em prantos também sente o teu amigo.
Mas (como os convidados) vai embora,
Não desejando mais ficar contigo...

SOBERBA

- Nada vale o dinheiro, com certeza,
Usado à toa em pompas e honrarias;
Em vez de tudo isso tu devias
Ser generoso e justo co´ a pobreza!

Será que, pelo menos, não podias
Esquecer para sempre essa frieza.
E se investindo de delicadeza,
Cumprimentar-nos, pois, todos os dias?

Eu sei que tu és rico e poderoso,
Indiferente, altivo e rancoroso.
E dos humildes tu não sentes dó!

Não vai te adiantar tanta imponência,
Porque a morte cruel, com inclemência,
Um dia vai te transformar em pó!