sábado, 27 de fevereiro de 2010


OUTONO

Causaram-me tristeza
As árvores desfolhadas
do jardim de nossas vidas
sem a tua presença.
As rosas já despetaladas
Se levaram pelo vento
Que não permitiu que as tuas mãos
as colhessem para o buquê
Das nossas bodas
e secaram indiferentes aos teus gestos
diante do sol
que não resplandeceu
Para nós.

Odeio essas folhas ressequidas,
retorcidas, que me arrancam
acordes dissonantes
de imorredouras lembranças
que me desfolharam
da tua presença!  (Paulo Goes)


OS TEUS LÁBIOS

Os teus lábios queimavam
A minha boca de desejos voluptuosos
Quando tudo sorria em nossas vidas.
Era assim que o céu parecia descer sobre nós
Cheio de estrelas,
Enfeitando-nos de prata do luar
Das nossas noites quase intermináveis.
Mas os tempos passaram
E hoje vejo que os nossos laços se desataram
Entre pretextos que insinuaram
Ventanias tempestuosas,
Que distanciaram as nossas mãos
Que outrora enlaçavam os nossos corpos
Ardentes de tanto amor.
Os teus lábios nada mais dizem,
Senão a frieza dos teus sentimentos!
                                      (Paulo Góes)



PÔR-DE-SOL

O sol está se pondo
em lágrimas douradas que se derramam
por sobre os montes.
Deixa que se vá com a tristeza desse sol
Tudo que nos crucia
nesse desamor que nos separa
dos dias de ontem,
quando parecíamos almas gêmeas!
Deixa que morram como os raios desse nosso sol-poente
as indiferenças que agora alimentamos!
Amanhã, será outro alvorecer, com certeza.
E aquele afeto, ilimitado,
que removia rios e montanhas,
que nos enchia de tanta fé,
quem sabe, amanhã, não nos traga de volta, pelo menos,
a lembrança daquele primeiro beijo que te dei...?
                                                      (Paulo Góes)

SOLO DO PLANETA MARTE


CURIOSIDADE - Solo do Planeta Marte, divulgado pela NASA. Acredito que a nossa Terra, em alguns milênios, esteja também assim. O homem, queiramos ou não, está destruindo o planeta. A poluição dos rios, a destruição de nossas florestas, o aquecimento global, enfim, tudo vem concorrendo para que sejamos, como Marte, um planeta extinto, morto, sem qualquer sinal de vida. Será que Marte foi concebido pela Natureza (por Deus, dizendo melhor) apenas para fazer parte do Sistema Solar? Essa eu não entendo. E você?
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Sucuri

CURIOSIDADE - Sucuri. Pela fila dos homens que a seguram, faça idéia do tamanho do "monstrinho". Devia estar digerindo um animal, que engoliu.
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Soneto à bailarina morta

.Esfera em equilíbrio, ela dançou
vestida de crepúsculo, marcada
pelo estigma da valsa fenerária
e, dominando o espaço, estremeceu

.as colunas marmóreas do edifício.
Circunscritos ao círculo de fogo,
os passos invadiram o hectare
do sono, projetando a silhueta

.- miniatura de pássaro, pelo ar.
E valsou... E valsou por sobre rosas...
Inebriada de sons, ela estancou,

.vacilou e caiu petrificada.
- Sua carne ficou por sobre a lápide
a sua alma se foi bailando no ar.
(Francisco Valois)

NOSSA CASA

Volto a rever a casa (o ninho antigo),
Que era antes tão cheia de alegria;
Mas hoje, infelizmente, está vazia.
Não ouço mais ninguém falar comigo.

No corredor comprido em que eu corria,
Quando criança, vejo um vulto e sigo:
É a minha mãe! Mas eu não consigo
Alcançá-la. Oh! Meu Deus, como eu queria!

Doce ilusão... A casa agora é triste.
A beleza de outrora já não existe;
Só o silêncio habita em cada canto.

- Não tem ninguém!... Eu grito. E a saudade
A minha alma, pungida, toda invade.
E eu me rendo aos soluços do meu pranto...
                      (Paulo Góes)





TANTAS MÃOS

DUAS, DEZ, CEM, MILHARES...
TANTAS MÃOS
ENCHENDO AS RUAS TÃO CHEIAS
DE MÃOS QUE VÃO, QUE VÊM,
EM BUSCA DE MÃOS
QUE SOCORRAM
QUE AFAGUEM.
MÃOS QUE VÃO, QUE VÊM,
QUE FOGEM DE MÃOS
QUE ROUBAM, QUE FEREM, QUE MATAM.
- AQUECE, AMIGA, AS MINHAS MÃOS
DE TANTAS MÃOS TÃO FRIAS! (Paulo Góes)






MEU ASTRAL

Hoje o meu céu devia estar
Cheio de estrelas.
Não sei por que a solidão dos astros
Invadiu o meu universo,
Fazendo-me tão ridículo
Que pensei em te mandar
Até uma lua de presente.

Estou em quarto minguante,
Tão minguante
Que o meu pensamento
Não cabe dentro de mim.
Estou vazio, vazio,
Do jeito que me deixaste!
       (Paulo Góes)