sábado, 18 de dezembro de 2010

USURPADORES


“O Senado aprovou nesta quarta-feira (15.12.2010) a equiparação salarial para parlamentares, ministros de Estado e para o presidente e o vice-presidente da República. Todos passarão a ganhar R$ 26,7 mil a partir de fevereiro do ano que vem.”
A maracutaia, ou melhor, o golpe dos congressistas, debochando de nós, povão, eleitores desses inconseqüentes, insensíveis, despudorados, a quem acrescento usurpadores dos cofres da União, funcionou outra vez. Eles, agora, vão rechear os seus bolsos com o “mísero” salário da quantia acima: R$26.700,00 (vinte e seis mil e setecentos reais). Uma “ninharia” para quem se “esforça tanto” pelas soluções dos problemas da Saúde, da Educação, da Segurança. E da malversação da coisa pública. Eles “merecem” porque “trabalham” demais; suam a camisa como um trabalhador braçal. Que pena tenho deles...! Atente-se que, em cima dos seus “parcos” vencimentos, ainda abocanharão verbas de gabinete para seus assessores (geralmente é adotado o nepotismo), passagens de avião e, até, postagens gratuitas para as suas correspondências oficiais e particulares, claro. Existe até, pasmem, uma cota para uso de combustível (gasolina ou álcool) para rodarem nos carrões, que servem também para conduzir as suas madames às compras e filhos aos colégios. São uns verdadeiros nababos sustentados pelos impostos que o Governo arranca de nós, eleitores idiotas que enfrentamos filas para depositar nas urnas os nomes desses “piratas” de colarinho branco. É uma vergonha, enquanto outras classes, por exemplo, dos professores, dos policiais, dos médicos e enfermeiros de hospitais, dos bancários e outros, vivem de ninharias, endividados, muitos, pelos juros de cheques especiais, para grandeza dos banqueiros.
Esses privilegiados, principalmente os senhores congressistas, pelo menos, deveriam ter vergonha na cara e cumprir integralmente o tempo de trabalho que lhes compete na Câmara e no Senado Federal. A maioria chega a Brasília, vindo das suas bases políticas, nos seus Estados, às terças-feiras e debandam nas quintas-feiras, exaustos, coitadinhos, de tanto “batalharem” no plenário do Congresso, pelo bem do povo e felicidade geral da Nação, entre bate-papos e pausas para cafezinhos. Ali, não está lhes interessando o modus vivendi do trabalhador brasileiro que acorda de madrugada para, com um simples café-da-manhã, pegar um ônibus ou metrô lotados para chegar ao serviço. E, muitas vezes, sem deixar em casa um centavo sequer para a alimentação da família. O salário-mínimo de R$510,00, eles, deputados e senadores, devem achar que supre muito bem, perfeitamente as necessidades desses assalariados, enquadrados na classe “c”. A classe média, por sua vez, é a que mais sofre face aos juros escorchantes ditados pelo Banco Central (os mais altos do mundo), favorecendo os ilustres senhores banqueiros. Estamos, assim também, alheios à sensibilidade dos nossos “ilustres” parlamentares, que não estão nem aí pelo sacrifício por que passam o funcionário público, o bancário e o comerciário para se manterem num digno padrão de vida.
To be, or not to be, that is the question, disse Shakespeare. E eu digo também: votar, ou não votar, esta é a questão. Então, melhor seria mesmo não eleger mais esses usurpadores do Tesouro Nacional.
(Paulo de Góes Andrade)