sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

ESCUTA, ALAGOAS!

Saibas que nem o tempo
Nem a distância,
Que nos separam,
Fazem te esquecer.
Sempre estás presente,
Desenhada no mapa
Da minha imaginação
Abraçada carinhosamente
Pelo mar e pelo Velho Chico
Que subiu lá das Minas Gerais
À procura de ti
Para te presentear
Com a Cachoeira de Paulo Afonso.
E o mar, enciumado,
Te deu as mais belas praias do mundo.
Eles disputam o teu amor
Porque tu és bela, acredite.
Mesmo com o pouco que resta
Das tuas matas, hoje
Devoradas pelos canaviais.
Eu te contemplo ao longe
“deitada em berço esplêndido”,
desde o teu sertão até o Atlântico.
Eu te vejo debruçada
Como uma deusa morena,
Bronzeada de sol,
Incansável admiradora
Desse mar azul-anil que te banha
Carinhosamente,
Desse mar que somente a ti
A natureza concedeu.
Eu fico a te olhar ao longe,
Desde o Pontal do Coruripe
À Barra de Santo Antônio.
Aí, tu me fazes lembrar uma
Dançarina havaiana
Com esse teu coqueiral
Cobrindo parte do teu corpo,
Feito de areia branca,
Que parece bailar
Ao som do quebrar das ondas,
Sob o açoite mavioso do vento
Que vem do oceano.
Saibas, Alagoas,
Que nem o tempo
Nem a distância
Me fizeram te esquecer!
                          (Paulo Goes)

DANÇA QUE EMOCIONA


A BAILARINA
Arlene Miranda

No pas-de-deux, desliza a bailarina,
Com a leveza de garça a flutuar.
A beleza das plumas nos fascina,
Em ternos movimentos a bailar.

Cheia de sonhos, salta levemente,
Co'a brancura suave de um jasmim.
Pelo palco exibe docemente,
Linda face cobeta de carmim.

Mão singela, suave e pequena,
Flutuando no ar, brilhando em cena,
No balanço encantado da menina...

Os lindos rodopios dos seus passos,
São gestos que flutuam nos compassos
Saltitantes dos pés da bailarina.








MEU HINO



Eu canto um hino para mim mesmo,
Um hino triste, sem graça, sem notas musicais,
Que escuto de ouvidos tapados
Para não ferir o dó-ré-mi da escala musical.


Meu hino bem que podia ser marcial,
Estimulante para as batalhas e guerras,
Para as contendas irracionais
Dos homens feitos à semelhança de Deus...


Não tenho a harpa de Davi para cantar
Que o Senhor é também o meu pastor
E me perco na surdez das ovelhas negras


Que ainda não acordaram para a grande vigília
 Dos mansos, dos bem-aventurados, daqueles
Que já vivem a Véspera do Senhor!



Esta igreja, em União dos Palmares-AL, não existe mais. Em vez da sua demolição, não sei por que não a conservaram, tombando-a como "patrimônio histórico"? Era um templo secular. Ali, foram batizadas (eu inclusive) e casadas muitas gerações, como os meus pais. Mas, a ignorância, a falta de cultura de determinas pessoas achou por bem "implodir" o majestoso prédio, construído, possivelmente no século XVIII, erguendo no seu lugar um "armazém", sem  expressão religiosa, onde os incautos fiéis, sem qualquer protesto, ministram a sua fé nos dogmas da Santa Madre Igreja Católica. Pelo amor de Deus!...

AS CARTAS QUE TE MANDEI

AS CARTAS QUE TE MANDEI



As cartas – “as velhas cartas
comovidas que na febre do amor te enviei “
jogaste no lixo. Eu sei.
Embora tenhas certeza que foram feitas
de palavras sinceras, sem mentiras.
Não foram frases soltas ao vento, inúteis,
Fúteis, pueris. As cartas falavam de amor,
do meu encantamento por ter te encontrado.
Nelas existia a prova do meu sentimento,
da sensibilidade de um Romeu apaixonado.
Tu eras, na verdade, a minha Julieta.
Meu amor por ti crescia dia a dia.
E, naquelas palavras, hoje jogadas
aos pedaços irrecuperáveis na lixeira,
procurei eternizar o que senti por ti
e que pensei que irias acreditar
até o final de nossas vidas,
mesmo que o mundo desabasse por sobre nós;
mesmo que as tempestades
da vida nos envolvessem.
As cartas, que, agora, são restos de lixo,
nada mais representam de tudo que existiu entre nós.
- Por que rasgaste “as velhas cartas...”
que tanto bem te fizeram?
Em cada pedaço de papel rasgado
eu senti dilacerado
o meu coração que tanto pulsou
de paixão por ti em tantos momentos
de nossas vidas.
Eu vi desfeita a afeição que nos uniu,
que nos fez almas gêmeas.
Infelizmente a incompreensão
nos separou dos dias que sorriram
para nós, mesmo quando o sol
se escondia entre nuvens negras
e o mar se agitava contra os rochedos...
- Por quê jogaste no lixo as cartas que te mandei?
E, como o seresteiro, só me resta cantar
com a voz embargada:
“O nosso amor traduzia
felicidade... afeição,
suprema glória que, um dia,
tive ao alcance da mão;
mas veio um dia o ciúme,
e o nosso amor se acabou,
deixando em tudo perfume
da saudade que ficou...”





























A SECA

Tudo agora é miséria. Nada resta
Ao carcará faminto que procura
Restos mortais que existam, porventura,
Na caatinga, que nada mais lhe presta.

No solo, desenhado em rachadura,
Um cacto dá idéia que protesta
Com seus galhos abertos. Será esta
De um bravo sertanejo a sepultura?

No céu, o sol vermelho é inclemente
E a terra seca, desolada, sente,
Parecendo tremer com tanta dor.

Não há mais nada no chão que se aproveite.
Só carcaças servindo como enfeite
P´ra esse cenário incrível de horror! (Paulo Góes)

TEMPO QUE SE FOI

Este sou eu. Acredite se quiser. Achei esta foto entre tantas que minha mãe guardava, só depois do seu falecimento. Lembro-me que, mostrando-me outras fotografias, ela me disse que eu devia ter, àquela época, 7 ou 8 anos. O tempo me levou a vasta cabeleira. C´est la vie...