quarta-feira, 31 de março de 2010

NOSSA ESTRADA



NOSSA ESTRADA

Não há mais pressa, porque
Também não há mais forças
Nas passadas curtas, penosas
De anos quase não vividos.
A estrada recua a cada passo
No chão duro como de sertão
Que não suporta a aridez
Dos penúltimos momentos.
Não sei onde te encontrar
Quando a torrente partir
As algemas dos nossos braços
E a correnteza levar o meu
Corpo para o vazio do desfiladeiro.
Por certo estarás sob o compasso das horas
Quietas que não farão mais
o mesmo sol brilhar o teu sorriso primeiro.
Estarei, talvez, à espreita,
Mirando-te ao longe,
Sentindo que as lembranças
São meros sentimentos
Sem avaliação no meu eterno exílio,
Onde nem haja luz,
Para me lembrar de ti. (Paulo Góes)