domingo, 1 de julho de 2012











TU (DEFUNTO)

Não sei se já pensaste em ti: deitado,
Vestido como fosses p´ra uma festa.
Co´ alguns parentes te afagando a testa
E outros rezando para ti: finado.

... Um odor nauseante a sala infesta,
De vela, em castiçais, em cada lado
Do teu caixão, de flores enfeitado.
E tu, ali, que a nada mais se presta.

E logo chega a derradeira hora
De te levarem para o teu jazigo.
E com pesar alguém lamenta e chora.

Em prantos também sente o teu amigo.
Mas (como os convidados) vai embora,
Não desejando mais ficar contigo...



SONHOS...

Busco-te em meus sonhos
Em tantas noites,
Sentindo o calor e o cheiro que emanam do teu corpo
Bem unido ao meu corpo,
Na voluptuosidade do teu desejo
De te fazer submissa nos meus abraços,
Dando-te a febre da minha boca
Na tua carne ardente e intumescida,
Na sensação de te sugar
O néctar que fluísse de ti,
Embriagando-te de louco prazer!

Mas, tudo foram sonhos,
Meros sonhos, devaneios, ilusões
De não ter havido tempo de
Tomar-te por inteira, deixando-te
Absorver também o que se expulsasse de mim,
Nesse instante em que eu queria te sufocar
De múltiplos prazeres!
Ah...! Como desejei...!
Mas, foram meros sonhos.
Somente sonhos...!