domingo, 3 de junho de 2012


AS CARTAS QUE TE MANDEI

As cartas – “as velhas cartas
comovidas que na febre do amor te enviei “
jogaste no lixo. Eu sei.
Embora tenhas certeza que foram feitas
de palavras sinceras, sem mentiras.
Não foram frases soltas ao vento, inúteis,
Fúteis, pueris. As cartas falavam de amor,
Do meu encantamento por ter te encontrado.
Nelas existia a prova do meu sentimento,
da sensibilidade de um Romeu apaixonado.
Tu eras, na verdade, a minha Julieta.
Meu amor por ti crescia dia a dia.
E, naquelas palavras, hoje jogadas
aos pedaços irrecuperáveis na lixeira,
procurei eternizar o que senti por ti
e que pensei que irias acreditar
até o final de nossas vidas,
mesmo que o mundo desabasse por sobre nós;
mesmo que as tempestades
da vida nos envolvessem.
As cartas, que, agora, são restos de lixo,
Nada mais representam de tudo que existiu entre nós.
- Por que rasgaste “as velhas cartas...”
que tanto bem te fizeram?
Em cada pedaço de papel rasgado
eu senti dilacerado
o meu coração que tanto pulsou
de paixão por ti em tantos momentos
de nossas vidas.
Eu vi desfeita a afeição que nos uniu,
que nos fez almas gêmeas.
Infelizmente, a incompreensão
nos separou dos dias que sorriram
para nós, mesmo quando o sol
se escondia entre nuvens negras
e o mar se agitava contra os rochedos...
- Por quê jogaste no lixo as cartas que te mandei?
E, como o seresteiro, só me resta cantar
com a voz embargada:
“O nosso amor traduzia
felicidade... afeição,
suprema glória que, um dia,
tive ao alcance da mão;
mas veio um dia o ciúme,
e o nosso amor se acabou,
deixando em tudo perfume
da saudade que ficou...”

14 / 07 / 2004