segunda-feira, 22 de março de 2010

ALÉM DA VIDA



O quê virá depois que a luz se apaga
E desta vida nada mais se sente?
Será que o que restou da nossa mente
Viverá para sempre em outra plaga?



E nessa dimensão: impaciente,
Atormentada a consciência vaga,
Presa a uma força estranha que a esmaga
Contra ondas negras de infernal torrente?



Será que existe mesmo a paz sonhada,
Que o nosso ser, de imediato, invada,
Enchendo-nos, então, de amor eterno?



Ou será infindável noite horrenda,
Que não terá nem um farol que acenda
Para espantar as trevas desse Inferno? (Paulo Góes)






LEMBRANÇAS



LEMBRANÇAS

Hoje os pássaros me acordaram
Com uma alegria incomum.
O sol atravessou as frestas
Da minha janela
Ferindo os meus olhos de recordações.
Eu ouvi a tua voz ausente
Em cânticos de amor
Violando o vazio do meu quarto.
Tentei tomar-te pelas mãos
E caminhar pela relva
Molhada pelo orvalho
que não se aqueceu
Com a ternura dos meus gestos.
A manhã me trouxe a lembrança
Das tuas mãos me dizendo adeus,
Aquele adeus que se eternizou nos meus dias. (Paulo Góes)