domingo, 14 de março de 2010

A CARTA QUE NÃO TE MANDEI




A CARTA QUE NÃO TE MANDEI

Eu quis te mandar uma carta, não só cheia de letras
Como tantas que já recebeste. De mim mesmo até. Em outras
Não falei do meu verdadeiro amor; do vazio das horas, que um dia
Me deixaria sem a tua presença; quando o calor do teu corpo deixasse de aquecer o meu corpo na cama, agora tão gelada, petrificando-me a alma
E os meus dedos, insensíveis, a te procurarem em vão.
Nunca te disse, ou melhor, nunca me declarei teu fã. Sabia de outros
Teus fanáticos admiradores. Mas eles se foram, perderam-se no tempo.
Talvez ainda te tenham na lembrança. Quem sabe? Mas eu fiquei.
Fui persistente, embora sem te revelar, em palavras, o que sempre
Senti por ti. Talvez meus gestos, em muitas atitudes, tenham te
Levado a crer nos meus sentimentos. Sempre me imaginei um Romeu
Louco de amor pela sua Julieta.Te via, nos meus devaneios, numa
Janela bem alta, florida, sem poder te alcançar. A noite era só nossa
E de uma lua cheia prateando o teu rosto. E lá embaixo eu - Romeu -
Te cantando versos do mais puro amor, que diziam assim:
"Tu és divina e graciosa, estátua majestosa do amor por Deus
esculturada. E formadacom ardor do mais ativo olor,
que na vida é preferido pelo beija-flor..."
Tu apenas sorrias e o teu sorriso bastava para me transportar às nuvens,
Tornando-me a mais feliz das criaturas. Não ousavas, contudo,
Descer do teu pedestal. Eras a princesa e eu o plebeu mendigando
As migalhas do teu sorriso. Faltou-me coragem para te dizer tudo isso noutras cartas. Talvez não acredites, mas a tua ausência me deprime, me definha a alma e o corpo, que está morrendo aos poucos. E, se não desceres da tua indiferença, te peço apenas que beijes uma flor, cujas pétalas sirvam de enfeite à lápide que cobrirá o meu corpo, que logo morrerá de amor por ti. Creia-me! Eu te amo!    (Paulo)




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