terça-feira, 2 de março de 2010

A MULHER (MODERNA) BRASILEIRA

A MULHER (MODERNA) BRASILEIRA



A mulher brasileira está em alta. Há muito deixou de ser o simples objeto de desejo sexual do homem. Ela agora se impõe em seus anseios e determinações. Acabou-se o tempo da coitadinha submissa aos caprichos masculinos, da ovelhinha terna, obediente, passiva, que se derretia em lágrimas aos açoites histéricos dos ?senhores? maridos; aos assédios torpes nos ambientes de trabalho. A fraqueza feminina já era.
Quando a professora Celina Guimarães Viana tornou-se, em 1927, no Rio Grande do Norte, a primeira mulher eleitora da América do Sul, daí para frente cresceram por outros Estados os movimentos feministas pelos direitos políticos da mulher. O voto feminino foi regulamentado a partir de 1934. E hoje, emancipada do machismo brasileiro, a nossa mulher moderna fala alto também, não só como deputada ou senadora, no Congresso Nacional, mas em muitas outras atividades da vida brasileira.
A nossa mulher agora é moderna. Distanciou-se da passividade das nossas vovozinhas, que pariam, incontrolavelmente, impedidas, pois, de frearem o instinto sexual dos nossos vovozinhos e, além disso, martirizadas pelos dogmas da Santa Madre Igreja Católica no que concerne ao “crescei e multiplicai”. Esta é (ou era) a ordem, que se cumpria à risca. E aquelas nossas velhinhas, coitadinhas, se não subissem ao altar puras, intocáveis, virgens-santas como a mãe de Deus, repudiadas, ou até excluídas, estariam do meio social em que viviam. O seu vestido branco tinha que representar, de fato, a sua ingenuidade, a sua castidade perante as testemunhas do ato matrimonial.
A mulher moderna brasileira há muito que se nivelou à mulher sueca, por exemplo, na superioridade das suas decisões. Alijou por completo os mandamentos arcaicos, ultrapassados das gerações anteriores de mulheres subjugadas, humilhadas, deprimidas, subservientes. Ela, hoje, é dona do seu nariz. Engravida quando bem o deseja e com quem escolhe, mesmo sem a ?necessária obrigação? de se engalanar para subir aos altares da vida. A inadmissível pecha de mãe-solteira já foi apagada dos artigos do Código Civil Brasileiro.
A mulher (moderna) brasileira, a cada dia, ganha o direito de competir com o sexo oposto, muitas vezes com superioridade, em vários campos da atividade. Quem admitiria, anos atrás, que a mulher marcharia ombro a ombro com os homens como soldado-bombeiro, na tarefa que, na verdade, não se coaduna à sua estrutura física? Quem diria que a mulher brasileira, como policial, fosse capaz de se confrontar com traficantes da Rocinha, do Morro do Alemão, com bandidos das periferias perigosas dos grandes centros urbanos? Quem acharia normal, em dias que se foram, a mulher brasileira integrar contingentes do Exército, Marinha e Aeronáutica? Quem consideraria a mulher brasileira atuando nos campos de futebol, apitando partidas entre times de marmanjos, e até chutando bola ao gol, como as nossas vitoriosas jogadoras daquele esporte? A mulher brasileira, antes tão frágil, quando se determina, hoje em dia, já enrijece a sua musculatura praticando halterofilismo; já sobe nos ringues para boxear adversárias; luta caratê, jiu-jít.su e tudo mais que se limitava ao ?poderoso? homem.
Está aqui, ali e acolá firme e consciente dos seus direitos antes vilipendiados por um machismo sórdido, por um sectarismo inadmissível, por uma intransigência ignominiosa, que, felizmente, fenecem com a globalização (ocidental) do reconhecimento dos direitos da mulher. Ela não é uma heroína, uma espartana, mas subiu ao pódio da sua dignidade, nunca dantes alcançado pela minha mãe nem tão pouco pela minha avó. Chi!... pela minha avó? Que Deus as tenha nas dimensões etéreas na mesma igualdade social daqueles com quem conviveram submissas neste nosso conturbado planeta Terra.
Quando falo da mulher brasileira, não me concentro tão somente à balzaquiana (àquela depois dos trinta), refiro-me também às nossas adolescentes, que já se enquadraram ao modernismo copiado do comportamento da juventude de países de primeiro mundo. Não há mais mistério, espanto, crítica, censura, condenação, ou seja lá o que for, quando as nossas meninas optam por noites de repouso nas camas dos namorados em suas residências, ou vice-versa. Tudo corre tão naturalmente que os pais até aceitam, face aos trágicos acontecimentos tão habituais nas madrugadas das nossas metrópoles.
E os seus direitos se ampliam em todas as direções. A moderna mulher brasileira não fica mais para “titia” como as nossas parentas, que ficaram lá para trás dos anos que já vão distantes. Nos dias atuais, se há união matrimonial entre casais - isso- para a nova mulher brasileira, é mero acidente de percurso. Casar não faz a mínima diferença de uma vida a dois, livres desse entrave que, no fundo, não representa a solidificação indestrutível do amor, mas a comercialização de dotes e bens materiais adquiridos ou que se venham adquirir.
Até me entusiasmo com a liberalidade, a flexibilidade como a mulher moderna brasileira, hoje, escolhe o seu destino, dita as suas convicções, resolve os seus problemas, determina as suas aspirações, vence as suas ansiedades e os seus traumas. Em certos casos, assumiu até a sua condição de lésbica, na escolha do seu par. Que se lixe a opinião pública! Pode gritar, como vencedora.
Paulo de Góes Andrade (p.g.andrade@terra.com.br)

Nenhum comentário:

Postar um comentário